Até 2050, a massa de trabalhadores contará com 25% de aposentados. Mas nem empresas, sindicatos ou governos possuem ainda políticas consolidadas de "inclusão etária" no universo trabalhista.
Por Christiane Marcondes*
Por Christiane Marcondes*
Aposentados que continuam na ativa já é um fenômeno comum nas empresas, mas ainda não existe uma política sindicalista ou empresarial que foque as necessidades da pessoa mais velha no universo do trabalho.
Segundo o levantamento, iniciado neste mês de setembro pelo Programa de Mestrado em Psicologia da Universo – Universidade Salgado de Oliveira, com o apoio da ABRH-Nacional (Associação Brasileira de Recursos Humanos) e da Faperj (Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro), a expectativa é que, até o ano de 2050, existam apenas três trabalhadores para cada aposentado.
Integração
As empresas possuem programas de preparação para a aposentadoria , mas ainda são raras as que possuem políticas voltadas aos trabalhadores mais velhos. É o que a professora de mestrado em psicologia, Lucia França, descobriu em sua recente pesquisa sobre as “Atitudes dos gestores de Recursos Humanos frente ao envelhecimento dos trabalhadores nas organizações".
Para Lucia, as empresas enfrentarão uma série de problemas se o contingente de aposentados viver até os 100 anos. "Será preciso tomar medidas mais efetivas para manter tais profissionais na ativa, já que a Previdência não irá dispor de recursos para arcar com tantos benefícios de aposentadoria", diz.
Na opinião da pesquisadora, as organizações, representadas por seus profissionais de Recursos Humanos, sindicatos, previdência pública e privada, deverão discutir ações junto dos órgãos governantes que possam viabilizar algumas oportunidades de trabalho em regime parcial ou de meio período.
Aptidões em xeque
Como solução, a professora defende a redução da carga horária para os profissionais mais velhos que exercerem cargos estratégicos nas empresas. Desta forma, garantir a integração desse grupo ficará notoriamente mais fácil para todos, especialmente para a área de recursos humanos, que ainda questiona a capacidade laborativa e cognitiva dos idosos.
“É preciso promover a integração entre as faixas etárias para que os trabalhadores possam se valorizar e priorizar os trabalhos que tenham mais aptidão ou prazer em realizar”, alega.
O profissional mais velho não pode ficar sobrecarregado com trabalho, alerta Lucia, ele precisa ter tempo livre para lazer, cuidados pessoais e com a saúde.
Estudo embrionário
O intuito do recém-iniciado estudo -- capitaneado por Lucia – será avaliar qual a percepção da área de recursos humanos quanto a esta perspectiva e o que, diante deste quadro, poderá ser feito para beneficiar os funcionários mais velhos das organizações.
A implantação ou otimização de programas de preparação desses funcionários para a aposentadoria, bem como a flexibilidade dos horários de trabalho e formas de compensação para manter os profissionais satisfeitos também será avaliada.
Para Lucia, a realização de tal estudo será de suma importância para as organizações nacionais. “É a primeira vez que um tema tão emergente como o envelhecimento no contexto empresarial será abordado em uma pesquisa nacional.
As organizações que participarem da pesquisa obterão dados em primeira mão sobre os seus resultados – estes poderão subsidiar políticas, mudanças e alternativas necessárias para que o envelhecimento possa, de fato, ser um ganho e não um problema para a sociedade em geral”, diz.
Com agências
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